quinta-feira, 22 de outubro de 2020

A castanha e os magustos

 


A castanha que comemos é, de facto, uma semente que surge no interior de um ouriço (o fruto do castanheiro). 

Mas, embora seja uma semente como as nozes, tem muito menos gordura e muito mais amido (um hidrato de carbono), o que lhe dá outras possibilidades de uso na alimentação.

As castanhas têm mesmo cerca do dobro da percentagem de amido das batatas. São também ricas em vitaminas C e B6 e uma boa fonte de potássio


 Consideradas, atualmente, quase como uma “guloseima” de época, as castanhas, em tempo idos, constituíram um nutritivo complemento alimentar, substituindo o pão na ausência deste, quando os rigores e a escassez do Inverno se instalavam. 



Assadas ou transformadas em farinha, as castanhas sempre foram um alimento muito popular, cujo aproveitamento remonta à Pré-História.

É em novembro que mais se consomem castanhas em Portugal.

Infelizmente, só nesta época do ano é lembrado o valor nutricional deste fruto.

     A CASTANHA AO LONGO DOS TEMPOS


Pensa-se que a castanha seja oriunda da Ásia Menor, Balcãs e Cáucaso


par com o pistácio, a castanha constituiu um importante contributo calórico ao homem pré-histórico que também a utilizou na alimentação dos animais. 

·       Os gregos e os romanos colocavam castanhas em ânforas cheias de mel silvestre. Este conservava o alimento e impregnava-o com o seu sabor. Os romanos incluíam a castanha nos seus banquetes. 


Durante a Idade Média, nos mosteiros e abadias, monges e freiras utilizavam frequentemente as castanhas nas suas receitas. Por esta altura, a castanha, era moída, tendo-se tornado mesmo um dos principais farináceos da Europa.



·       Com o Renascimento, a gastronomia assume novo requinte, com novas fórmulas e confeções. Surge o marron glacé, passando de França para Espanha e daí, com as Invasões Francesas, chega a Portugal.

Os magustos e S. Martinho




Quem foi S. Martinho?

Corria o ano de 337, no século IV, e um outono duro e frio assolava a Europa. Reza a lenda que um cavaleiro gaulês, chamado Martinho, tentava regressar a casa quando encontrou a meio do caminho, durante uma tempestade, um mendigo que lhe pediu uma esmola. O cavaleiro, que não tinha mais nada consigo, retirou das costas o manto que o aquecia, cortou-o ao meio com a espada, e deu-o ao mendigo. Nesse momento, a tempestade desapareceu e um sol radioso começou a brilhar.

O milagre ficou conhecido como «o verão de São Martinho». Desde então, por altura de novembro, o ríspido tempo de outono vai embora e o sol ilumina-se no céu, como aconteceu quando o cavaleiro ofereceu o manto ao mendigo.

É por causa desta lenda que, todos os anos, festejamos o Dia de São Martinho a 11 de novembro. O famoso cavaleiro da história era um militar do exército romano que abandonou a guerra para se tornar num monge católico e fazer o bem.

São Martinho foi um dos principais religiosos a espalhar a fé cristã na Gália (a atual França) e tornou-se num dos santos mais populares da Europa! Diz-se que protege os alfaiates, os soldados e cavaleiros, os pedintes e os produtores de vinho.

tradição

·       Foi a 11 de novembro que São Martinho foi sepultado na cidade francesa de Tours, a sua terra natal e é por esse motivo que a data foi a escolhida para celebrar o Dia de São Martinho.

·       Além de Portugal, também outros países festejam este dia. Em França e Itália, à semelhança de Portugal, comem-se castanhas assadas.

 Já em Espanha, faz-se a matança de um porco, e na Alemanha acendem-se fogueiras e organizam-se procissões.


A tradição manda que, em tempo de São Martinho, se façam magustos (festas onde se assam castanhas). 

·       O São Martinho festeja-se numa época do ano marcada pela colheita da castanha (feita durante os meses de outubro, novembro e dezembro) e por isso é natural que ela seja convidada para fazer parte da festa!


Mas há histórias que contam que a origem dos magustos até está no Dia de Todos os Santos, 1 de novembro. Diz-se que se terá começado por preparar mesas com castanhas por altura de novembro para que os espíritos dos mortos da família aparecessem e as pudessem comer!


Mas nem só de castanhas se faz a tradição do São Martinho, a 11 de novembro.


 Num magusto a sério, deve acender-se uma fogueira e, no caso dos mais crescidos, beber jeropiga e o vinho de São Martinho (o vinho das novas colheitas, depois das vindimas, em setembro e em outubro).


«No dia de São Martinho, pão, castanhas e vinho!», assim reza o provérbio popular. 




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